Antes de começar, fui ler o diários dos outros. E involuntariamente pensei: "será que vou conseguir escrever esse tanto? Será que minhas percepções foram tão consideráveis assim?"
Em uma leitura que aborda também a nossa relação com os padrões da sociedade, logo pude perceber que teria sim, algo a falar.
Me impressionou pensar a questão do mito e sua relação com o corpo e do autor abordar logo de princípio que os mitos têm uma função prática. Me aparentou algo um pouco estranho, pensar algo poético como um mito, agindo de forma prática. O autor justifica sua colocalção ao dizer que os mitos são metáforas que se faz para expressar e entender o corpo - suas formas, expressões e atitudes. Nunca compreendi ao certo o significado da palavra "somático", me parece algo que eu sei o que é, mas não sei explicar e este texto fala o tempo todo da tal "experiência somática". Procurei no dicionário e achei a explicação de que somático é algo que diz respeito ao corpo. Assim, clareou-se um pouco mais quando li que o mito pode ser compreendido como a somatória de mente e experiência somática com a vivência expiritual. Sendo as experiências todo evento corporificado e o mito a forma de ordenar essas experiências como um processo organizado. Os mitos apresentam sagas de heróis e compreendo que trazer isso para o corpo é pensar de forma a entender os obstáculos, desafios e mudanças que enfrentamos e que nos fazem entender e aprender nosso processo corporal. Através dessa mitologia, pode expressar a verdade do corpo e jornada somática. O autor fala que seu trabalho veio da junção do somático-emocional, com o conhecimento literário e com a imaginação no corpo. Tantos elementos que se pensados, podem nos fazer compreender muito sobre nosso próprio corpo, mas que às vezes passam despercebidos ou são pensados individualmente.
Vivemos experiências com o corpo e o mito vem para ordernar tudo isso, ajudando-nos a incorporá-las. Em relação à nossa realidade, percebo que se fala muito da perda de nós mesmos, do desenraizamento da nossa natureza por diversas causas, dentre elas, a social. Nisso, corremos o risco de nos tornar a "terra devastada", perdendo a realidade somática, abandonando o corpo.
Achei muito forte quando se diz "o mito do corpo abandonado", seria um corpo sem um corpo, seria um objeto. É uma tarefa difícil tentar se desligar da racionalidade e dos símbolos e signos que invadem nosso cotidiano e se voltar para o corpo em uma época em que se tem que voltar tanto para o cérebro. O racional invadiu a vida e tomou a vida, o cérebro manda e o corpo obedece, e assim as pessoas vão parando de de viver o corpo sem saber que a existência somática é a soma perfeita da experiência direta com as imagens representativas que se faz. Aceitamos que essas imagens vêm do cérebro, nos considerando imagens esquecendo o corpo em si. O corpo é mais que imagens e precisa ser vivido.
Percebo a história de Parsifal como um trajeto de vida. Inicialmente não se tem uma imagem social formada, essa imagem é construída pelas experiências que vivemos. A trajetória do herói (corpo) se construindo, vivendo, experimentanto, se organizando e desorganizando que se finaliza com o "todos viveram felizes para sempre". Para o corpo, o mito nunca tem final, pois está sempre sendo incrementado e renovado à medida que nos dedicamos a investigá-lo.
Esse aí o Parsifal gente!!! E você, qual seu cavalo e como você é como caveleiro?